Tanta coisa passa, tanta coisa fica, tanta coisa vai, tanta coisa volta. E eu parada, no meu quarto desarrumado, à espera de entender a ironia de viver. Estou sozinha, não sei por quanto tempo, mas sei que a música alta que estou a ouvir me aconchega mais do que qualquer um dos meus amigos neste momento. Estou perdida dentro da confusão que causei, dentro de mim, dentro de nada. Dentro do vazio que criei pela razão que impus a ninguém mais, para além de mim própria. Estou fora de mim, estou fora do alguém que um dia fui, à procura de me encontrar perto do que me fazia feliz, e foi embora. Nada encontro além de tempo perdido e uma mísera esperança que me mantém acordada, à espera. Perdi a conta dos que foram e não voltaram. Das perguntas naufragadas, no mar de incógnitas onde permaneço petrificada, à espera. À espera de mim, de ti, e de tudo o que me fazia feliz.
