"Voltei a apaixonar-me e isso é tão bom."

Está tudo sobre a mesa. O meu caderno, a minha caneta preta, comprida, elegante, as recordações mortas sobre as linhas vazias, algumas folhas amachucadas e o meu orgulho rasgado em mil pedaços. O maço de tabaco, aberto, semi-vazio, como o meu coração, o cinzeiro e o isqueiro. Acima de tudo, naquela mesa reina a saudade, prisioneira entre as minhas mãos macias, que se encontram poisadas sobre o caderno. E tremo mesmo, só porque tenho saudade, só porque a tua falta me sussurra ao ouvido, e me arrepia, da cabeça aos pés, enquanto a nossa música toca em replay. Enfim, saudades. Dos teus lábios de seda, dos teu olhos cor de mel, dos teus braços envoltos em meu torno, da tua palpitação colada à minha, dos teus jeitos cuidados, das tuas feições tão perfeitas. Do teu sorriso. Do teu cheiro. De ti, enfim. Enquanto as minhas mãos escrevem, a minha cabeça fixada na tua figura baixa, morena, mantem a tua voz doce, em repetição. É em ti que eu penso quando falam em casais felizes, é em ti que eu penso quando desenho o simbolo do infinito em matemática. É em ti que eu penso quando, durmo, rio e choro, quando escrevo, estudo e desenho, quando canto, danço e como. Quando ardo no medo de te perder, e sufoco no medo de não te voltar a ver. Quando a saudade me dá de beber, e o desejo de te beijar de novo, me alimenta. Sabes, acho que me voltei a apaixonar e estou feliz, a sério.