Sonhar também magoa.


Deitei-me, estava a morrer de frio. Embrulhada nos cobertores quentinhos da cama, demorei uns tempos a adormecer (..) e de repente, ouço umas falas que me pareciam familiares. Levantei-me (sim, custou-me, estava mesmo quentinha na cama) e abri, de seguida, a porta de acesso a rua. Vi-te a ti. Fiquei a olhar para ti, sim, eras mesmo tu. Andei uns dois passos para a frente e inevitavelmente, aproximei-me mais de ti. Sim, sei que não devia, mas não sei porquê e depois de tudo, tu ainda me cativavas. Cheguei-me a ti, olhei-te de perto e tu me olhaste também. Fiquei até uns segundos a olhar e vi que ainda, havia um brilho no teu olhar (...)
depois, deste-me um abraço, daqueles cheios de ternura e com uma dose de saudade. Aqueles que só tu, os sabes dar. Senti o teu cheiro e o bater do teu coração perto do meu pescoço. Sussurraste-me ao ouvido: «tive saudades tuas, amor». descolaste do meu corpo e entrelaçaste a tua mão na minha e apertaste-a com toda a força que tens em ti. Não sabia o que havia de dizer, nem tive tempo para reacções, nem para digerir aquelas todas emoções. E de seguida, senti os teus lábios a vir em direcção aos meus, e beijaste-me. Tínhamos esperado tanto tempo por aquele momento. Senti-te, mais perto do que nunca. E disseste-me : «amo-te». eu, continuamente, sem dizer nada. O amor apoderava-se de mim. de ti , de nos. Deste-me de novo a tua mão, agarraste-me e começamos a correr (...) era aquilo que eu bem queria e precisava tanto. (..)
e de repente, ouço a chuva a bater na janela de vidro do meu quarto. Acordei, meio ensonada e com os olhos semi-serrados.

 e tudo,
 não tinha passado de um sonho.